Bases da PM chegam na segunda. Será melhor?
Depois de muita polêmica, as 86 bases comunitárias da Polícia Militar (cada uma terá uma van e duas motos) entrarão em operação em Belo Horizonte na próxima segunda-feira (28/08). A cerimônia oficial ocorrerá na Praça da Liberdade, às 9h, conduzida pelo governador Fernando Pimentel (o veículo que ilustra a reportagem não faz parte da frota de bases comunitárias).
À tarde, as unidades serão deslocadas para os bairros. Quatro delas farão o policiamento na região. Ficarão em três praças – Sagrados Corações (Padre Eustáquio), São Francisco das Chagas (Carlos Prates) e Federação (Coração Eucarístico) – e próxima ao shopping Del Rey (Caiçara).
A estratégia da PM em apostar nas bases causou polêmica, pois, em princípio, a intenção do governo é implantar as unidades em áreas em que as companhias deverão ser fechadas. Das 24 unidades da capital, 10 poderão ser transferidas para os respectivos batalhões, entre elas a 9ª, na Via-Expressa, e a 21ª, na Pedro II.
A pressão popular e outros motivos, contudo, podem resultar na manutenção das companhias. Entretanto, caso elas sejam realmente fechadas, ainda não há data definida para que isso ocorra. Por sua vez, o comandante-geral da PM, coronel Helbert Figueiró de Lourdes, garantiu que nenhuma unidade será desativada antes de dezembro.
Até lá, funcionarão com o apoio das vans e motos. Associações de bairros e movimentos em favor da segurança pública defendem a continuidade das companhias com auxílio das bases.
Detalhes do projeto envolvendo as bases foram apresentados a moradores e comerciantes do Carlos Prates, na quarta-feira passada (23/08), no salão da paróquia São Francisco das Chagas. “A PM quer se aproximar ainda mais da comunidade”, discursou o tenente Alcântara.
O oficial explicou que cada base terá quatro militares: dois farão a ronda em motos e dois ficarão na van para registrar ocorrências e monitorar as áreas por meio de câmeras do Olho Vivo. A intenção é que as bases funcionem das 6h às 2h. Contudo, num primeiro momento, estarão em operação das 14h à meia-noite.
Amigas de longa data, Maria Angélica Valentina, de 58 anos, e Ezilma Osiro, de 63, ouviram as explicações do oficial com atenção. Elas já foram vítimas de assaltantes. Por ironia, foram alvos de bandidos enquanto participavam de uma reunião para debater a segurança pública na região.
“Foi em 2015. Estávamos num imóvel no Padre Eustáquio e ninguém trancou a porta. Dois homens entraram armados se aproveitaram e entraram na sala. Levaram meu relógio e meu anel”, recorda dono Ezilma.
https://youtu.be/H3LVOBoTb7s
“Levaram o aparelho de telefone celular de outras pessoas. Estávamos lá para discutir a violência e ocorreu o roubo. Sou a favor da continuidade das companhias com o apoio das bases”, defendeu Maria Angélica.
A PM, por sua vez, ressalta que as bases fazem parte de nova estratégia para reduzir a criminalidade na cidade. Na terça-feira passada, o comandante-geral da corporação recebeu lideranças que atuam na causa, entre elas Vanessa Regina Freitas e Rômulo Pimenta, moradores do Padre Eustáquio.
“Para nós, envolvidos com a causa diretamente, tomando a frente e representando a comunidade, sermos recebido pelo comandante-geral é uma grande conquista. Representa respeito aos cidadãos. Temos de seguir construindo o diálogo. Haverá outra reunião, em outubro, para avaliação preliminar das bases em funcionamento e continuidade da construção conjunta sobre as pretensões de mudanças na segurança pública em BH”, disse Vanessa.
Após o encontro, por solicitação do coronel, ela concordou em alterar o nome do movimento que encabeça juntamente com outros moradores. “Para ‘Movimento a favor das bases comunitárias como apoio das companhias, contra o fechamento das companhias e contra a substituição das mesmas pelas bases'”, explicou Vanessa, que, no dia seguinte, postou informações sobre o encontro no grupo de WhtsApp que coordena e é voltado para a segurança pública no bairro.
“Com as novas análises das companhias, com suas respectivas otimizações internas, liberando policiais para atividade-fim (operação em rua), pode até acontecer de não retirar nenhuma companhia. Desejamos que as novas bases comunitárias sejam sucesso como complemento e apoio do policiamento que tanto almejamos. Sempre entendemos que poderão ser muito profícuas.Como parceria com a PM, vamos nos organizar nas comissões comunitárias que observarão e avaliarão as bases comunitárias em seus setores. E levaremos periodicamente as percepções para o comandante do respectivo batalhão”, divulgou Vanessa.