Anjos protetores
Há anjos que não têm asas. São de carne e osso mesmo. E protegem, principalmente, animais. Há vários deles na região do Padre Eustáquio. Tratam-se dos protetores de cães, gatos, aves e outros bichinhos de estimação que, por algum motivo, se perderam dos donos ou foram – acreditem – abandonados.
Os chamados anjos dos animais não medem esforços para encontrar os donos ou, em último caso, conseguir nova família para os amiguinhos. É o caso de Alessandra Xavier, de 23 anos. Ela cria Paçoca, um felino que adora receber carinho, e Miharu, cadelinha que inspirou o nome da casa de ração que a jovem abriu na rua Henrique Gorceix, a Haru Pet.
Alessandra coleciona histórias de resgates que já até perdeu a conta. A mais recente foi na semana passada, quando dois rapazes que haviam encontrado um cão pediram ajuda. “O Bolt ficou comigo das 12h às 18h. Logo que eles me entregaram, eu e minhas amigas começamos a divulgar a informação nas redes sociais. Queríamos encontrar o dono rapidamente”.
O esforço coletivo deu certo. O dono de Bolt foi encontrado. É um garotinho de 3 anos de idade, o que deixou Alessandra e as amigas ainda mais contentes. “Fiquei emocionada em poder uni-los novamente. Eu me coloquei no lugar da família do Bolt, porque se fosse um dos meus bichinhos eu estaria me afogando em lágrimas”.
Assim como ela, Tâmara Lasara, de 27 anos, também nutre amor imensurável pelos amiguinhos de patas. Moradora do bairro Dom Bosco, os dias dela ficam mais alegres na companhia de Marley, Tutu, Lindinha e Belinha. Por coincidência, uma pessoa encontrou no Padre Eustáquio uma cadelinha também batizada de Belinha. E a entregou a Tâmara.
Sensibilizada, a jovem publicou a foto no Facebook e a imagem foi compartilhada diversas vezes. Não demorou muito até chegar ao dono. “Ainda de longe, a Belinha fez festa quando viu a proprietária. Todos nós somos iguais. As pessoas deveriam pensar que não são apenas cães de raça que necessitam de cuidados. Precisamos ter mais amor um com o outro e esquecer esta seleção (de diferenças)”, ensina a jovem.
A professora Sabrina da Silva Moreira, de 38 anos, concorda. Nasceu protetora. Em sua casa, a educadora cria Marinez, cujo nome homenageia uma amiga que trabalha numa clínica para animais, e Sofia, batizada com o nome de uma veterinária que sempre estende as mãos quando Sabrina precisa de ajuda para tratar dos amiguinhos resgatados.
Tanto Marinez quanto Sofia foram retiradas da rua. “Há 4 anos resgatei Marinez. Estava numa caixa, prenha, toda machucada. Ganhou um lar, ganhou carinho, ganhou uma família. Já a Sofia foi resgatada há mais ou menos 2 anos. Estava com seis filhotes na região da Via-Expressa. Levou uma vida sofrida. Pelo comportamento dela, a gente percebe que foi bastante maltratada. Eu consegui famílias para os filhotinhos. Da mesma forma, também ganhou um lar, ganhou carinho, ganhou uma família”, disse a educadora.
Mas dedicar a vida à causa tem um preço que a maioria dos protetores não consegue arcar. Por isso, a professora criou um projeto social que arrecada recursos para continuar ajudando os amiguinhos de patas e ao mesmo tempo ajudar os donos a encontrar os animais que, por algum motivo, fugiram do lar. Trata-se de uma plaquinha com o nome do bichinho e o número do telefone do proprietário.
“Custa R$ 10. A pessoa me procura, me passa os dados e eu faço a plaquinha. Daí é só colocar no cãozinho”, explica Sabrina. Em duas ocasiões, ela própria conseguiu encontrar Marinez por causa da plaquinha pendurada no pescoço da cadelinha.
Na primeira vez, a cachorrinha aproveitou o descuido de uma tia da professora, enquanto ela lavava o quintal, e se mandou de casa. “Eu estava num bazar solidário quando recebi o telefonema de um rapaz. Fiquei desesperada, mas graças a Deus ocorreu tudo bem. Na segunda, uma moça me telefonou. Também deu tudo certo”, agradece Sabrina. Quem desejar encomendar a plaquinha pode enviar um zap para Sabrina: (31) 99275-0111.