DataTempo divulga pesquisa sobre aeroporto Carlos Prates
Quatro em cada dez moradores de Belo Horizonte declaram estar satisfeitos com a desativação do aeroporto Carlos Prates, na região Noroeste da capital, revela pesquisa do instituto DATATEMPO – que mediu o nível de satisfação em relação à administração municipal e o cenário eleitoral em BH. O levantamento aponta que 41,5% (entre satisfeitos e muito satisfeitos) aprovam o fechamento do aeródromo, que teve atividades suspensas em 1° de abril deste ano por determinação do Ministério de Portos e Aeroportos.
Do total de belo-horizontinos entrevistados, 23,8% disseram estar insatisfeitos com o encerramento das atividades. Já 22,7% se mostraram indiferentes.
Entre aqueles que vivem na região Noroeste, onde funcionava o aeroporto, a taxa de satisfação pelo fim das operações de pouso e decolagem chega a 44,4%, levemente acima da média geral. “Essa é uma luta da nossa regional há mais de 30 anos, porque além do barulho (das aeronaves), eram muitos acidentes. A população estava apreensiva”, justifica o ator Munish Prem, 58. Ele mora no Jardim Montanhês, bairro onde ocorreu a última tragédia envolvendo o aeroporto Carlos Prates. No dia 11 de março deste ano, um monomotor que se aproximava do terminal caiu sobre duas casas, que ficaram parcialmente destruídas. O piloto morreu e uma passageira ficou gravemente ferida.
A cientista social e analista de pesquisas do DATATEMPO, Bruna Assis, ressalta, porém, que a satisfação em relação à desativação do aeroporto não é exclusividade de quem vive na Noroeste. “Em todas as regionais, a maior parcela dos entrevistados está satisfeita ou muito satisfeita com a desativação do aeroporto, o que pode estar relacionado ao alto nível de conhecimento sobre acidentes”. Segundo a pesquisa, 84,5% da população já ouviu falar das ocorrências – foram 37 nos últimos dez anos, entre incidentes e acidentes, segundo a Aeronáutica.
“Eu vi dois acidentes, sendo um bem próximo à minha casa (em 2019). Por isso, acho que retirar o aeroporto foi mesmo a melhor coisa a ser feita”, defende o esteticista Frederico Torres, 30, que mora no bairro Caiçara, na região Noroeste.
As atividades do aeroporto Carlos Prates foram suspensas após uma série de adiamentos e um imbróglio que envolveu interesses de empresas da aviação, da Prefeitura de BH e da União, que ainda detém a propriedade do terreno. Desde então, a área está sob guarda da administração municipal, mediante convênio com o governo federal.
Pampulha é a região é a que mais resiste à mudança
A Pampulha é a regional de Belo Horizonte que manifesta o menor índice de aprovação em relação à desativação do aeroporto Carlos Prates, segundo o levantamento do instituto DATATEMPO. Apenas 37,5% dos moradores da região disseram estar satisfeitos com a suspensão das atividades no local, enquanto 27,1% afirmaram estar insatisfeitos com a medida.
O diretor de segurança e meio ambiente da Associação dos Moradores dos Bairros São Luís e São José (Pro-Civitas), Matuzail Martins, defende que os números são reflexo da insatisfação da população local diante da possibilidade de transferência de voos do aeroporto Carlos Prates para o terminal da Pampulha. O líder comunitário afirma que o risco de acidentes não chega a ser uma grande preocupação, mas pontua outros prejuízos, caso todo o fluxo de voos seja direcionado para a região. “O temor maior é ambiental, devido a ruídos e poluição sonora e do ar pela queima de combustíveis”, comenta.
Aulas de voos têm sido feitas no interior
Com a desativação do aeroporto, as empresas que atuavam no terminal Carlos Prates têm operado no interior do Estado, afirmou Estevan Velasquez, presidente da Associação Voa Prates, que representa empresários, pilotos e funcionários do antigo aeroporto. “Das cinco escolas, só a minha está operando na Pampulha. Uma fechou, outras estão em Itaúna e Pará de Minas (na região Centro-Oeste); mas mesmo assim a demanda diminuiu muito”, explica o empresário. Além de voos de instrução, o terminal recebia voos executivos.
Velasquez avalia que a satisfação da população de BH diante da desativação do aeroporto “é resultado de desconhecimento” e defende a reabertura do local. “O aeroporto tinha escolas, que são entidades de interesse público. Empregava mais de 500 famílias, formava cerca de mil profissionais de qualidade por ano. O aeroporto Carlos Prates foi muito demonizado”, lamenta.