“Polícia para quem precisa de polícia”
Vitória parcial da comunidade: PM testará bases móveis antes de fechar quase a metade das companhias em BH. Será que novos protestos podem levar a corporação a manter ambos modelos? (Atualizada em 14/07)
Novo capítulo na decisão do governo em substituir 10 das 24 companhias na cidade, entre elas a 9ª, na Via-Expressa, e a 21ª, na Pedro II, por unidades móveis (vans e motos). Depois de protestos de moradores, o coronel Winston Costa, chefe do Comando de Policiamento da Capital (CPC), garantiu que as bases móveis, a princípio, funcionarão em caráter experimental em conjunto com as companhias.
O oficial participou, na quarta-feira (12/07), de uma reunião na Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa. Os dois sistemas vão operar concomitantemente a partir de agosto por um período de três a seis meses. A expectativa daqueles que são contrários à substituição das unidades pelas companhias é que, neste tempo, a PM se convença da importância de manter ambos os serviços.
“O que a PM está querendo fazer é um retrocesso e está contrariando 30 anos de um discurso que ela mesmo pregou. Ao longo dos anos a PM chegou à conclusão que tinha que se aproximar da comunidade, abandonando aquela estrutura pesa de batalhão”, afirmou o deputado estadual Sargento Rodrigues (PDT), presidente da Comissão de Segurança e autor do requerimento para a realização da audiência na Assembleia.
Dados da PM apontam que há 4,8 mil militares em BH. Com a substituição das companhias por bases móveis, segundo o coronel Winston, homens que hoje atuam na parte administrativas seriam deslocados para as ruas da capital. As vans ficariam estacionadas em áreas estratégicas e 172 motocicletas seriam disponibilizadas para atender as ocorrências.
No entanto, o discurso foi contestado pelos representantes de mais de 20 associações de bairros atingidos pela proposta e políticos que participaram do evento, entre eles o vereador Orlei (PHS). “Sou a favor das bases móveis, mas para somar. Elas têm que vir pra melhorar a segurança pública de Belo Horizonte, que está um caos. Fazer as bases móveis e fechar as companhias é um tiro no pé”, argumentou o vereador.
O deputado Sargento Rodrigues ainda apresentou dados coletados no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) que mostram uma redução no orçamento do governo estadual para a segurança pública em Minas. Segundo o parlamentar, entre 2015 e 2016 foram aplicados R$ 222 milhões a menos no setor. “Para cortar ainda mais gastos agora o governo fala em retirar as companhias com o argumento que tem gasto com a manutenção delas”, reclamou.
Segundo o ex-militar, enquanto nas companhias os policiais têm um grande conhecimento da região e dos moradores do local, já que é sempre a mesma equipe, as bases móveis, na prática, seriam “estáticas” e teriam a função apenas de acionar viaturas em caso de ocorrência, com grande rotatividade dos profissionais. Além disso, as companhias funcionam 24 horas por dia, enquanto as bases móveis teriam o trabalho interrompido entre as 2h e 6h.
A reunião na Assembleia Legislativa foi a segunda audiência para tratar do assunto. A primeira, em 5 de julho, ocorreu na Câmara Municipal. Lideranças municipais se articularam com as comunidades na tentativa de convencer o governo a rever a estratégia.
No Padre Eustáquio e região, por exemplo, o vereador Orlei ajudou a organizar uma audiência pública, em 5 de julho, na Câmara Municipal. O parlamentar se empenhou, há três anos, pela instalação da 9ª companhia, onde estão lotados cerca de 120 militares. Ele ajuda a divulgar um abaixo-assinado contrário à retirada das companhias.
O documento, que pode ser assinado eletronicamente no www.change.org., será entregue ao governador Fernando Pimentel (PT).
Já no Facebook o assunto é abordado na página https://www.facebook.com/Amigos-das- Companhias-da- PMMG-1431122623643697/.
Leitores do portal Jornal do Padre Eustáquio a se manifestarem por meio de nossa página no Facebook. José Lúcio Bonani, por exemplo, lembrou que as bases não vão funcionar 24 horas por dia, “além de tornar os militares tão vulneráveis quanto a população”. “Soma-se a isso o fato da comunidade não ter sido consultada.
“Por estes e outros motivos, sou contra a saída da 9ª companhia”, escreveu ele. Tarssis Castro Pinto foi além: para ele, uma pesquisa poderia mostrar a diminuição da criminalidade no bairro depois da implantação da companhia. “Todos nós sabemos que bases móveis não funcionam”, ponderou.
Confira abaixo as companhias que deverão ser fechadas: 3ª (Funcionários), 5ª (Santo Agostinho), 10ª (Palmeiras), 16ª (Planalto), 20ª (Santa Tereza), 22ª (São Paulo), 124ª (São Pedro), 9ª (Padre Eustáquio), 21ª (Caiçara) e 11º (Teixeira Dias).
One Response to “Polícia para quem precisa de polícia”