Criminalidade na área do beato
O governador Fernando Pimentel divulgou nesta sexta-feira (11/08) recuo de 8% no total de roubos em Minas, no confronto entre o primeiro semestre de 2017 e igual período de 2016, mas a sensação de insegurança atormenta moradores do Padre Eustáquio e região. Crimes ocorridos esta semana, segundo comunidade, só reforçam a importância da manutenção das companhia da PM ameaçadas de fecharem as portas, como a 9ª, na Via-Expressa, e a 21ª, na Pedro II.
O balanço divulgado por Pimentel não detalhou as estatísticas por bairros de BH. Mas o último dado disponibilizado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), no fim do ano passado, ajuda a entender o porquê da aflição de moradores. De janeiro de 2012 a novembro de 2016, foram registrados 2.439 furtos e roubos no Padreco. Com exceção do Centro, trata-se do bairro campeão de ocorrências.
População fez passeata contra o fechamento das companhias. Crédito: Paulo Henrique Lobato
Relatos de furtos e roubos na região são frequentes. Na segunda-feira, um criminoso sacou o revólver e rendeu o motorista de um Ônix quando ele estacionava na Henrique Gorceix. A vítima ficou sem o carro, carteira, dois aparelhos de telefone celular, tablet e mochila.
Outras duas ocorrências chamaram atenção pela suspeita de terem sido praticadas pelo mesmo autor. Ele entrou num prédio na Francisco Bicalho e, segundo testemunhas, também num imóvel na Humaitá. Ambas edificações estavam em obras. As vítimas foram os pedreiros. Ficaram sem carteiras e aparelhos de telefone celular.
A investida contra prédios em construção chamou atenção de Vanessa Regina Freitas, coordenadora de uma rede de segurança pelo zap: “Fiquem atentos, especialmente se souberem de imóveis em obras, pois parece ser o alvo deste suspeito. Talvez por uma suposta fragilidade na segurança das construções, permitindo que o homem entre e saia com facilidade”.
Por estas e outras ocorrências, moradores defendem a permanência das companhias na Via-Expressa e Pedro II. O projeto do governo é mais amplo: fechar 10 das 24 companhias da PM em BH e substituí-las por 86 bases móveis (vans e motocicletas).
As bases deverão ser implantadas no fim de agosto e funcionarão concomitantemente com as companhias por um período ainda não definido pelo estado. A expectativa é que as companhias sejam transferidas para dentro dos batalhões até o fim do ano ou no primeiro semestre de 2018.
A corporação justifica que a troca aumentará a segurança na cidade. A população, contudo, desconfia que o motivo seja a queda na arrecadação tributária do estado, o que teria comprometido o custo com serviços essenciais, como a segurança pública.
Para pressionar Pimentel a abortar a ideia, moradores do Padre Eustáquio e bairros vizinhos se organizaram em redes sociais. Um abaixo-assinado virtual foi criado e já conta com quase 2.400 assinaturas. O endereço é https://goo.gl/D5YPGG. Será encaminhado, em data a ser definida, ao comandante-geral da PM, coronel Helbert Figueiró.
A luta contra o fechamento das companhias resultou numa passeata, na manhã do último sábado (5 de agosto), na região. Homens e mulheres caminharam do santuário dos Sagrados Corações, no Padre Eustáquio, até a paróquia Santa Clara, no Caiçara, levando faixas e cartazes contra o fechamento das companhias.
Clique aqui para ler a reportagem e veja o vídeo sobre a caminhada.
BALANÇO
Fernando Pimentel divulgou dados na companhia do coronel Helbert Figueró. Crédito: Manoel Marques/divulgação Agência Minas
Os dados divulgados nesta sexta-feira pelo governador comparam o primeiro semestre deste ano com igual intervalo de 2016. Minas fechou o acumulado dos seis primeiros meses com queda de 8% nas ocorrências de roubos e 4% nas de homicídios. Dos 12 crimes violentos monitorados, ocorreram quedas em 10 deles (veja quadro abaixo).
“Nós temos feito um esforço muito grande nesses dois anos e meio para dar condições de trabalho adequadas às nossas polícias e também ao corpo de agentes prisionais, que executam uma tarefa importantíssima para a segurança pública”, disse o governador em entrevista coletiva à imprensa.
Fonte: Sesp-MG