Audiência pública contra o fechamento da urgência no Hospital Alberto Cavalcanti

Dezenas de moradores da região do Padre Eustáquio compareceram na manhã desta segunda-feira (16) ao pátio do Hospital Alberto Cavalcanti, onde uma audiência pública discutiu o fechamento do atendimento de urgência da instituição. Desde 9 de setembro, o local só atende pacientes com câncer (oncologia).

O  trabalho foi presidido pelo vereador Gilson Reis: “Nós estamos na regional Noroeste, onde moram mais de 350 mil pessoas. Com este tanto de gente, a região deveria contar com pelo menos duas UPA’s (Unidades de Pronto Atendimento). Próximo ao Hospital Odilon Behrens há uma que acaba atendendo uma população que reside mais perto da Região Centro-sul e serve ainda de auxílio ao próprio hospital. Não há previsão de construção de outra unidade que atenda a esta região aqui fazendo com que a situação seja dramática. São 2 mil consultas por mês realizadas aqui no Alberto Cavalcante que deixam de ser atendidas”.

Audiência atraiu dezenas de moradores. Foto: Bernardo Dias/Divulgação/CMBH

Para o parlamentar, o fechamento foi feito arbitrariamente: “Se querem potencializar o setor de oncologia, não podem deixar a população sem o atendimento de urgência. Fechar e não colocar nada no lugar sem a preocupação com a comunidade ao redor é inadmissível. O governador (Romeu) Zema não pode fazer isso neste momento sem oferecer alternativa. São mais de 30 anos de atendimento a esta comunidade”.

Por sua vez, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), que é a mantenedora do hospital, informou que o Alberto Cavalcanti continuará tendo atendimento de urgência, mas apenas para pacientes oncológicos e registrados no Sistema Municipal de Saúde (SUS).

“Este passo é fundamental para assegurar uma assistência integral a este paciente, além de aumentar a capacidade de internações, procedimentos e cirurgias, atendendo à atual demanda”, afirmou a Fhemig por meio de nota enviada à imprensa.

A informação foi rebatida e questionada durante a audiência pelo presidente da Asthemg, Carlos Martins: “Falaram que o fechamento da urgência era para melhorar o atendimento para os pacientes com câncer, mas quero dizer que isso é mito e devemos mostrar a incompetência desta gestão. Há 30 anos os dois serviços funcionam aqui e nunca teve problema. O problema está, por exemplo, na falta de reposição quando um equipamento para tratamento de câncer estraga”.

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Ele destacou que a questão principal a ser debatida é o prejuízo da comunidade. “Não estamos falando em criar novos serviços. Estamos falando em manter algo que já existe. Com o fim da urgência disseram que a melhoria vai ser de 300% para os pacientes oncológicos, mas nesta semana não houve nenhuma melhoria. Qual o projeto para promover esta melhoria?”, finalizou.

 

Ao final do debate, os participantes decidiram que vão definir ações para cobrar a dívida de R$ 800 milhões que o Estado tem com o Município, requerer à Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Comissão de Direitos Humanos, que mantenha o convênio com a Fhemig para a retomada do atendimento, além de ver a possibilidade de ação judicial junto ao Ministério Público pedindo a reabertura do pronto atendimento. Também foi definido que a comissão vai cobrar da Prefeitura a construção de uma Unidade de Pronto Atendimento na Região Nororeste de BH.

Foram convidados para a audiência pública e não compareceram o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado; o diretor do Alberto Cavalcanti, Gilberto Marques, e o diretor do Sindicato Único dos Trablhadores da Saúde de Minas Gerais, Gilberto Leão.

O prefeito Alexandre Kalil, em entrevista à imprensa, explicou o porquê de o secretário de Saúde não ter comparecido à audiência. Veja vídeo abaixo.

Fonte: CMBH