Muitos fieis chegaram cedo à praça em frente a paróquia dedicada a São Francisco, no Carlos Prates, nesta quarta-feira 4 de outubro. Quase todos, claro, foram acompanhados pelos animais de estimação. Afinal, a data dedicada ao santo, padroeiro da ecologia, é sinônimo do ritual da benção de padres e freis aos amiguinhos de pelo, asas, escamas etc.
Frei Adilson Correa concede benção aos animais. Foto: Jornaldopadreeustaquio.com.br
A tradição e a fé atraíram muita gente ao Carlos Prates. Houve uma cerimônia pela manhã e outra, à tarde. “Hoje é um dia muito especial, no qual abençoamos todas as criaturas junto com o patrono da ecologia. É um momento muito especial de a gente encontrar com os animais, com as pessoas, com as plantas e encontrar a presença do próprio Criador junto às criaturas. Desejamos esta mensagem de paz e bem”, disse frei Adilson Correa, que conduziu a cerimônia no período da tarde.
Frei Adilson orou na escada do coreto. A multidão orou junto. E a água benta foi derramada sobre cada cão, gato, ave e até tartaruga levados pelos donos, como o professor aposentado Vaugean Lopes, de 67 anos. Ele saiu do bairro Funcionários, na região Centro-Sul, para garantir a benção aos dois cachorrinhos de estimação: Átila, de 9 anos, e Zidane, um ano mais novo.
Vaugean Lopes levou os amigões Átila e Zidane à paróquia
“Venho há vários anos. Eu tinha um cão que se chamava Francisco, em homenagem ao santo. Sou muito devoto. O caminho do Chico com a natureza é único. É bom lembrar que o homem faz parte da natureza. Costumava dizer aos meus alunos que o meio ambiente é o homem no meio. Este é um dos ensinamentos de São Francisco”, disse, emocionado, o educador.
Fabiana Arigoni: “Minha fé em Chico é grande”
A bióloga Fabiana Arigoni, de 39 anos, também fez questão de ir à cerimônia. Moradora do Caiçara, ela levou suas duas cadelinhas – Kira, de 15 anos, e Kalua, de 5 – e o machinho Belinho, de 10, para a benção aos animais. “Há uma imagem do Chiquinho em todos os cômodos da minha casa”. Uma vez, conta a bióloga, um dos animais quase perdeu a vida. Mas São Francisco intercedeu por Kalua.
“Uma glândula dela parou de funcionar. Quase veio a óbito. A temperatura do corpo caiu muito e, com isso, a velocidade da circulação do sangue reduziu. Eu chorava e ao mesmo tempo rezava para São Francisco me ajudar a chegar a tempo ao veterinário. O trânsito estava horrível, mas conseguimos. Foi coisa do santo”, agradece Fabiana.
Ela e os devotos que foram ao local puderam levar para casa plantas doadas por fieis. Muitas foram cultivadas pelo boa-prosa Domiciano Ferreira, de 70 anos. Caçula de uma família de 14 irmãos, ele faz questão de distribuir diferentes espécies na paróquia do Carlos Prates em todo 4 de outubro.
Domiciano distribuiu flores para os gieus
“Este ano, eu trouxe várias plantas de cinco espécies típicas de jardinagem. É uma forma de agradecer. Minha fé no santo é enorme. É muito bonito ver os fiéis com os animais de estimação. A todos, o meu carinho, que é muito grande”.
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FIQUE POR DENTRO: por qual motivo a bênção aos animais é celebrada em 4 de outubro?
A origem remonta ao ano de 1931, quando ocorreu, em Florença, na Itália, uma convenção de ecologistas. Os participantes elegeram a data em homenagem a São Francisco, que é patrono dos ecologistas e protetor dos animais.
Saiba um pouco mais sobre São Francisco:
Filho de um rico comerciante de tecidos, Francisco nasceu em 1182. Foi batizado como Giovanni di Pietro di Bernardone. Sua juventude foi regada à boêmia. Para espanto de muita gente nos dias de hoje, o homem que viraria santo foi preso aos 20 anos de idade. Libertado, conheceu a Bíblia e decidiu por uma vida franciscana.
Sabe os tradicionais presépios de Natal? Foi ideia dele. Em 1228, dois anos depois de morrer, foi canonizado e passou a ter seu culto associado à proteção dos animais. Em 1979, o então papa, João Paulo II, proclamou-o santo patrono dos ecologistas.