Cineclube Azteca surge no Padre Eustáquio com proposta de curadoria comunitária

Foto: Gustavo Jardim.

Uma novidade surge no alto dos morros que formam a regional Noroeste de Belo Horizonte, por onde sobem os bairros Carlos Prates e Padre Eustáquio. Trata-se do Cineclube Azteca, que surgiu com a proposta de uma curadoria comunitária, cujo objetivo é reunir interessados em pesquisar e programar filmes a partir de encontros para debater diferentes obras do audiovisual.

 

O primeiro encontro foi em novembro. O próximo será dia 14, no Centro Cultural Padre Eustáquio (rua Jacutinga, 550).

A ideia foi retirada do pepel pelos diretores Vicente Diniz, Gustavo Jardim, Gisele Paulino e Paula de la Puente. O nome do cineclube é inspirado no do cinema que funcionou, entre as décadas de 1950 e 1970, na rua Padre Eustáquio, 120, em frente à praça São Francisco das Chagas, no Carlos Prates. Texto continua abaixo da foto do antigo cine Azteca, já demolido.

 

 

Não é apenas um cinema, mas um espaço de formação, um convite ao encontro e à reflexão, aberto a todas as idades, onde cada filme exibido é uma janela para se debruçar, ver novas paisagens, produzir conversas sobre os modos de vida e as singularidades do Brasil, em especial, aqueles filmados em terras mineiras.

 

“Nossa missão é ir além do convencional, encontrar nas veredas menos conhecidas do cinema as películas que vão sendo traçadas por um mapa de conversas com os espectadores do Cineclube Azteca. A curadoria, portanto, se faz a cada encontro, a plateia estabelece rumos a partir de suas impressões e pesquisadores do cineclube saem à procura um cinema desconhecido de antemão, que assume um risco frente à direção dada no debate. Construir com o público a uma conversação contínua, que nos aglutina em torno de inspirações coletivas capturadas para a criação de novas trajetórias. Neste sentido, no Cineclube Azteca, buscamos proporcionar uma vivência cinematográfica conectada às experiências de seus frequentadores. Cada filme é mais do que uma projeção; é uma forma de escuta para inventar caminhos coletivamente”, explicou .

 

Ao destacar o cinema nacional, com um olhar especial para a produção mineira, o Cineclube Azteca visa não apenas enaltecer a riqueza das histórias locais, mas também promover o encontro com a diversidade cultural que permeia nosso país.

 

Ao pesquisar o cinema nas suas múltiplas formas, propondo exibições em consonância com os debates, procura revelar na tela o espelho de uma conversa mais ampla. Refletir as múltiplas vozes e perspectivas que compõem a experiência cultural do cinema colocando-as frente a outros manejos da linguagem cinematográfica para promover a formação dos participantes ao questionar os limites do que é considerado tradicional nas formas de se fazer e assistir filmes.

 

A programação está aberta a uma variedade de narrativas, estilos e gêneros que consigam capturar os interesses e as inquietações produzidas pelos filmes de cada sessão no debate, alterando sempre os rumos da programação. Do drama à comédia, do documentário à ficção, do terror ao experimental, cada encontro no Cineclube Azteca forma uma nova peça que contribui para a construção de uma programação multifacetada sujeita ao diálogo, ensejando uma curadoria feita com os espectadores.

 

O grupo planeja repensar as fronteiras de um cinema oferecido ao público em geral face a um espectro democrático da elaboração coletiva de um espaço, celebrar a diversidade cultural e desvendar regiões incógnitas do cinema. O nome de nosso cineclube presta homenagem ao saudoso Cine Azteca, que outrora se assentava no ponto mais alto dessas serranias, em frente a praça São Francisco. Assim como outros cinemas de rua ao longo da rua Padre Eustáquio, que já foi conhecida como corredor dos cinemas em BH, ele foi demolido no final do século, mas seu espírito persiste no renascimento do Cineclube Azteca, como uma chama que se recusa a ser apagada, com a herança cultural daqueles que vieram antes de nós, celebrando nossa vocação por contar e recontar as estórias que ecoam pelos corredores do tempo. Convidamos você a fazer parte desta jornada, se juntando a nós na manifestação viva do poder dos filmes e das formas de ver juntos.

 

Clique aqui para ler a reportagem sobre os quatro cinemas que já funcionaram na rua Padre Eustáquio.

 

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