Formação de leitores na escola: fichamento literário
Paulo Fernandes – Olá, pessoal!
A formação de leitores na escola é um grande desafio a ser enfrentado e vencido.
Em 2016 a pesquisa Retratos da leitura no Brasil apontou que 56% da população brasileira possui o hábito da leitura, representando um aumento de 2% em relação a pesquisa realizada em 2007. De acordo com a pesquisa há influência da escola na criação do hábito.
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Segundo dados da pesquisa de 4,96 livros lidos anualmente por brasileiros, 0.94% são indicados pela escola e 2,88% lidos por vontade própria. Outro dado interessante da pesquisa é referente as pessoas influenciam a leitura, os professores representam 7% ficando atrás apenas das mães que somam 11%.
Talvez você esteja se perguntando: Mas porque trazer esses dados?
Meu caro leitor e leitora, para quem acompanha o desenvolvimento das crianças nas escolas, assim como as atividades desenvolvidas quanto as estratégias para formação de leitores sabe que os desafios são muitos e uma das estratégias adotadas no ensino fundamental é o Fichamento Literário.
Mas será que esta é uma estratégia eficaz?
Para tentar responder ou apontar alguns caminhos em relação a esta pergunta, conversei com dois professores especialistas em Literatura e linguagem, atuantes em sala de aula e ativistas em prol da formação de leitores críticos
e vorazes.
Mas antes de apresentar a vocês o que pensam esses profissionais, gostaria de apontar aqui o modesto pensamento deste colunista que vos escreve.
Para quem não sabe já trabalhei em escola e sempre estou presente como contador de histórias, palestrante ou ministrando cursos de formação para professores. Acredito ser importante trazer essa minha experiência quanto ao universo escolar.
Durante o tempo em que trabalhei em escola, sempre observei as estratégias utilizadas por professores no que diz respeito a formação de leitores, além de acompanhar meu filho, hoje com 13 anos, durante toda sua jornada desde a educação infantil até hoje.
Uma das estratégias utilizadas por professores e que sempre questionei é exatamente o fichamento literário.
Como pai, o que percebia é que a estratégia não funcionava efetivamente na formação do meu filho enquanto leitor.
E conversando com outras crianças, pais e mães pude constatar que não se tratava de uma impressão exclusivamente minha.
Mas porque? Acredito que apenas a realização do fichamento não atinja o objetivo e seria necessárias outras atividades para que se tornasse realmente uma estratégia eficaz.
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Mais quais seriam essas atividades? Fiz a seguinte pergunta a dois profissionais das letras: O projetos de fichamentos literários realizados pelas escolas no ensino fundamental forma leitores?
Vejamos o que pensa Alexandre Amaro, professor de Português e Literatura. Doutorando em Estudos de Linguagens.
“Penso que o fichamento não é uma boa estratégia pra formação de leitores. Trata-se de uma prática do ambiente escolar que não é replicada nas demais leituras do cotidiano dos jovens, justamente por ser considerada artificial e entediante. Se não estiver associada a outras práticas (rodas de conversa, dramatização da leitura, abordagem comparativa etc), o fichamento será uma mera técnica de verificação de atividade, cumprindo apenas seu papel burocrático e constituindo uma barreira para a formação de leitores.”
Já Alfredo Lima, Professor de Literatura Mestre em Literatura e escritor, acredita que só o fichamento pelo fichamento não forma leitores. De acordo com ele, o fichamento é parte do processo de formação do leitor, mas só pedir o aluno para ler e fazer o fichamento e não conversar sobre a obra, não promover seminários, bate papo, discutir os pontos e relacionar o livro com outros textos não forma leitores. E finaliza dizendo que o fichamento é apenas levantamento de pontos do livro.
E você o que pensa a respeito? Acompanha as atividades de formação de leitores desenvolvidas pela escola?
Vamos conversar a respeito? Envie uma mensagem para o jornal ou para mim.
Para ler a respeito da pesquisa citada: https://www.institutounibanco.org.br/aprendizagem-em-foco/40/
Quero agradecer aos Professores e ativistas literários Alexandre Amaro e Alfredo Lima pela gentileza em responder as perguntas e contribuírem com esta coluna.
Até semana que vem!