Literatura e exercício da cidadania

Paulo Fernandes – Olá, pessoal!

Na última coluna, tratei aqui da relação entre literatura e cidadania. Hoje, quero apresentar a vocês um projeto que envolve o exercício da cidadania e a literatura.

Em 1985, em um discurso proferido na campanha pelas “Diretas Já”, Tancredo Neves disse a seguinte frase: “A cidadania não é atitude passiva, mas ação permanente em favor da comunidade.”.

Paulo Fernandes é professor, palestrante, escritor e contador de histórias
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A 4ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, desenvolvida pelo Instituto Pró-Livro, apontou que o brasileiro lê, em média, 2,43 livros por ano. Sabemos que a falta de leitura empobrece muito o debate no Brasil. Monteiro Lobato dizia que um país se faz com homens e livros.

Talvez você esteja se perguntando: por que de toda essa prosa para falar de um projeto literário que envolve cidadania? Calma que já chegamos ao projeto em questão, mas antes mais algumas considerações importantes.

Não podemos esquecer que as feiras literárias acontecem por todo Brasil e aquecem o mercado editorial, mas cabe uma pergunta: será que toda população tem acesso as feiras e podem comprar livros? A intenção aqui não é responder, mas provocar uma reflexão.

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Há comunidades em que o acesso ao livro é um luxo e raridade. Pensando nisso, em julho de 2013, o professor, ativista literário e agitador cultural, Alfredo Lima, também conhecido como Robin Hood da Quebrada ou Farelo de Quiat(pseudônimos artísticos) idealizou o “Livros em todo lugar” no bairro Nacional, na cidade de Contagem.

O projeto tem como objetivo levar livros a quem não tem acesso, incentivar a leitura e despertar novos leitores e conta com doações de alunos, ex-alunos do professor Alfredo, assim como de algumas editoras. Cabe ressaltar que a maioria das doações vem de pessoas físicas.

O “Livros em todo lugar” é muito mais que um projeto, é uma ideia que acontece sem recursos financeiros e conta com o trabalho e disposição do seu criador e de parceiros que, ao levarem os livros para praça, exercem a cidadania em prol da comunidade.

O projeto teve sua primeira ação em outubro de 2013 na principal praça do bairro Nacional e foram disponibilizados, doados aproximadamente 300 livros. Os títulos foram dispostos em toda praça para que as pessoas pudessem escolher e levar para casa.

Desde 2013, o bairro conta com a ação dos “Livros em todo lugar’. Anualmente. Em 2017, o projeto em parceria com “Mais Cores, mais vida” que acontece na Vila Francisco Mariano, também Contagem, doou a comunidade 672 livros para crianças e adolescentes, muitas das quais jamais tinham lido um livro.

Em 2019, o projeto completa 6 anos de pleno exercício de cidadania e já ultrapassou mais de 15 mil doações, levando livros literários para comunidade do Nacional. Além da ação na praça do Nacional, o projeto conta com 10 pontos de distribuição de livros, todos oriundos de doações.

Os livros ficam disponíveis em prateleiras e podem ser levados sem nenhuma burocracia, basta a pessoa gostar, pegar e levar para casa, não sendo necessário cadastro ou devolução.

Os pontos de distribuição têm a curadoria de Alfredo Lima e Paulo Fernandes, este que vos escreve semanalmente. No bairro Nacional são seis pontos: duas barbearias, cafeteria, academia, além da Regional e o Curso de Teatro (diga-se de passagem, na toca do Robin Hood da Quebrada). No Padre Eustáquio são três; sendo uma barbearia, uma loja de roupas infantis e uma loja de fantasias e, finalmente, na Sagrada Família, um ponto no Cursinho Popular Conceição Evaristo.

Os “Livros em todo lugar” promovem a cidadania pela literatura. Quer conhecer mais sobre o projeto e fazer doações de livros literários infantis e adultos? É só acessar as redes sociais do projeto ou entrar em contato comigo.

Seguem os contatos: Instagram: @livrosemtodolugar ou @lerecriarasas,
facebook @livrosemtodolugar ou @lerecriarasas.

Esperamos seu contato. Até semana que vem!!