O coração azul de Luana
A paixão pelo Cruzeiro é tão grande que não existe nada que possa explicar. Para a cruzeirense Luana Machado, que moradora de Betim, não é diferente.
O pai dela, torcedor de outro time, não influenciou o gosto refinado desta garota. Foi a mãe, dona Kelly, que passou para a filha a sabedoria de torcer para o maior clube de Minas Gerais. Desde nova, Luana nutria paixão pelo Cruzeiro. “Paixão que vem de berço jamais vai mudar”, como diz a canção cantada no Mineirão.
Por motivos de separação, mãe e filha foram morar no Piauí quando Luana tinha 11 anos de idade. Isso não foi suficiente para deixar o amor ao Cruzeiro mesmo morando a 3 mil quilômetros de distância de Minas Gerais. Ela nunca deixou de acompanhar o clube de coração através das redes sociais, onde sempre está a declarar seu amor pelo Cruzeiro.
Há cinco anos, começou a ter a ideia de voltar à sua cidade natal para assistir uma partida no Mineirão. Começou a juntar dinheiro para realizar seu sonho. Faltando três meses para a desejada viagem, contou para os quatro cantos que o sonho iria se tornar realidade.
Em 7 de março de 2018, o Cruzeiro enfrentou a URT pelo campeonato Mineiro. Na torcida estavam Luana, a irmã e o tio. Aos 22 anos de vida, onze anos depois de se mudar para o Piauí, ela testemunhou seu Cruzeiro Cabuloso vencer por 3 a 0.
Gols de Rafael Sobis, Arrascaeta e Thiago Neves. “Uma das melhores experiências da minha vida. Chorei de emoção ao entrar no estádio pela minha primeira vez, assistindo de perto meu Cruzeiro jogar”, postou Luana nas redes sociais.
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Mesmo o Cruzeiro não sabendo da importância que tem na vida de muitas pessoas, fazemos de tudo para acompanha-lo e segui-lo. Às vezes, não podemos muito, mas quando fazemos é por amor.
Luana, por exemplo, sempre usa a camisa na sua cidade. Aonde vai, leva a cinco estrelas o peito.
A felicidade de Luana não duraria muito. Dois meses depois de realizar o sonho de sua vida, exatamente em 3 de maio, ela saiu para trabalhar. Guiava sua moto e usa a sua segunda pele: a camisa do Cruzeiro. Aconteceu o acidente. Ela morreu usando o manto sagrado.
Na quarta-feira (9 de maio), o corpo de Luana foi velado. Os órgãos foram doados. Infelizmente, ela não está mais aqui, mas seu coração azul e outros órgãos farão a felicidade de várias outras famílias.
Ela foi enterrada com a camisa e bandeira do Cruzeiro que tanto amou. Mesmo no além-vida, Luana será Cruzeiro eternamente .
PS: não tive o prazer de conhecer Luana pessoalmente. Sua história me veio pela amiga Géssica que queria lhe fazer uma homenagem. Mas o Cruzeiro nos uni e nada nos separa.