Todos perderam: Padre Eustáquio, Caiçara, Carlos Prates…
A falta de empenho da maioria dos moradores do Padre Eustáquio, Caiçara e bairros vizinhos impôs uma derrota simbólica à própria população.
A consulta pública organizada pelo site da Câmara Municipal de Belo Horizonte sobre o futuro do aeroporto Carlos Prates mostrou que apenas 223 pessoas participaram da enquete, que, embora não tenha peso como estatística, deixou clara a falta de interesse de muitos em participar de discussões importantes para a região.
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Em 2019, dois acidentes no Caiçara envolvendo aeronaves que decolaram do Carlos Prates resultaram em cinco mortos. No calor das tragédias, um incontável número de moradores usaram as redes sociais defendendo a transferência do terminal para outro local. Por causa deles, a Câmara organizou audiências públicas e elaborou uma consulta no site.
Havia cinco opções:
a) transferência para outro município de Minas Gerais.
b) transferência das atividades para outro aeroporto já em funcionamento.
c) permanência no local, com maior restrição nos horários de funcionamento e fiscalização.
d) transferência para outra região de Belo Horizonte.
e) permanência do aeroporto no mesmo local, mantendo ainda o horário de funcionamento.
A alternativa vencedora, com 57% dos votos, foi a que, na prática, mantém as coisas como estão. O resultado possibilita várias análises. A primeira é que as empresas que operam como escolas de aviação no Carlos Prates são mais organizadas que a população que defende o fim ou transferência do terminal. Donos, instrutores e clientes destas empresas votaram para que não ocorra nenhuma mudança. Juntos, tiveram 128 dos 223 votos.
Já a população que tanto reclama do aeroporto não somou 100 pessoas. Apenas 95 pessoas, numa região onde vivem mais de 100 mil habitantes, escolheram as demais opções. A enquete ficou no site por 30 dias.
Vale lembrar que a consulta pública não tem valor de decisão sobre o futuro do terminal, que este ano completa 76 anos. Independentemente da alternativa vencedora, um cenário é certo: nós, moradores da região, precisamos nos importar mais com o que ocorre ao nosso redor. Era melhor ter perdido a eleição não por 128 a 95, mas por 100 mil a 90 mil, por exemplo.
Em tempo, 2020 é ano de eleição: vamos participar mais das discussões de nossa cidade para sabermos escolher bem nossos representantes no Legislativo e no Executivo.
Paulo Henrique Lobato é jornalista com mais de 20 prêmios na carreira, passou pelo Grupo Record TV e jornais Estado de Minas, O Tempo, Hoje em Dia e Diário do Comércio. Também é advogado. (31) 98477-7179 // noticiasdope@gmail.com